Mãe
Já foram tantas as palavras que te escrevi, já foram tantas as lágrimas que derramei, os risos que nasceram...
Já nem sei mais o que escrever.... Histórias dos caminhos que percorri? Contos das sendas que nem posso dizer que são minhas?
Tantas outras palavras hei de dizer, Mãe.
Mas não agora... agora me vejo coberta por seu encanto. Inundada por tuas águas, reconfortada por tua terra, ardendo em teu fogo, leve como é teu ar... Plena em ti, em mim...
É assim que hoje estou, Mãe... não tocada, remexida. Embora eu sinta que é exatamente por tudo isso que sou intocada, ainda que profana, sagrada... Parte de ti? Parte de mim? A união em si.
E é assim que desejo estar até que me diga que é chegada a hora de para outros mares navegar. Içarei minha jangada, tomarei meu posto. Aquele que me deste, aquele que fora meu em tempos idos.
Partirei assim como já partiu o Rei do Verão. Nascerei como nasce as folhas no outono.
Sim! Nascem. Nascer e morrer é o mesmo dentro da grande dança cósmica e é assim que quero pertencer à ela...
Nascendo a cada dia, ainda que morrendo...
Morrendo a cada noite, ainda que nascida.
Feliz Equinócio de Outono!
Nenhum comentário:
Postar um comentário