26 de julho de 2004

Amor Pagão

Amor Pagão (Helena Quental)

Um, somente um, apenas um beijo,
dado meio à sorrelfa,
aqueceu-me nas veias, o sangue.
Vi outros sois, outras luas, num segundo!
depois que tive o afortunado infortúnio
de, em meio a multidão, te reconhecer!

Esqueceste por um átimo do teu tempo;
que eras do amor impuro, escravo
e emprestaste-me tua boca-cereja
que morceguei com vampiresco prazer!

Sossego,
nunca mais tive.
Prazer igual, nunca mais!
Pena que não me gostes.
Serves à Apolo e a Zeus...

Ficarei te desesquecendo
a cada minuto do tempo meu.
E quando ele chegar ao termo,
lá do zenit do mundo,
observarei teu mergulho de escravo
no pélago negro, profundo,
buscando tesouros para Eles
que só são deuses porque têm a ti...