15 de maio de 2006

Stonehenge da Amazônia

Observatório celeste descoberto na Amazônia

Arqueólogos descobriram num ponto remoto do Amapá o que parece ser o maior observatório astronômico do Brasil pré-colonial. O observatório é formado por 127 blocos de granito distribuídos em intervalos regulares por uma clareira, a 16 quilômetros do município de Calçoene e a 390 quilômetros de Macapá. Para os arqueólogos, só uma sociedade com uma cultura complexa poderia ter construído o monumento. Para eles, o achado contribui significativamente para enterrar a idéia de que a Amazônia nunca abrigou sociedades desenvolvidas. Monumento pode ter até 2.000 anos de idade Por enquanto, é impossível precisar a idade do observatório. Mas, para os pesquisadores, ele teria entre 500 e 2.000 anos de idade. A estimativa foi baseada em fragmentos de cerâmica encontrados junto aos monolitos (blocos de pedra), alguns com três metros de altura. Porém, só com as escavações que começam agora será possível saber a idade do observatório. A arqueóloga Mariana Petry Cabral, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), explica que o monumento era conhecido pela população local há muitos anos, mas jamais havia sido estudado. A importância dos blocos foi reconhecida quando técnicos do Iepa e da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração foram realizar um levantamento econômico da área e tiveram a atenção despertada pelo alinhamento das pedras. Mariana diz que o local deveria ser uma espécie de templo e poderia ter sido usado como observatório astronômico. Já se descobriu que as pedras estão dispostas de forma a marcar o solstício de inverno e que em dezembro o Sol passa exatamente pelo meio de uma das pedras. Sabe-se que antigos povos da Amazônia se orientavam pela posição das estrelas e as fases da Lua para plantar e realizar rituais religiosos. Para os pesquisadores do Iepa, o monumento do Amapá é o Stonhenge da Amazônia — uma alusão ao complexo monolítico de Stonehenge, em Salisbury, sul da Inglaterra. Stonehenge é uma espécie de altar de pedras e teria sido erguido há 5.000 anos. Até hoje, não se sabe nem exatamente qual sua função e muito menos quem o ergueu. O modo como as pedras enormes foram levadas pera o local também permanece um mistério. O monumento da Amazônia traz os mesmos mistérios. Os arqueólogos não sabem que povo pode tê-lo construído e qual era sua função exata. A tecnologia empregada para cortar e transportar as pedras para o lugar e dispô-las em círculo é uma incógnita. O grupo do Iepa supõe que as pedras foram levadas de barco e chegaram ao local por um braço de rio conhecido como Rego Grande.

Jornal O Globo - Povos do passado

A identidade dos autores do Stonehenge da Amazônia pode estar nos fragmentos cerâmicos deixados por eles. Até a chegada dos europeus, a Amazônia abrigava numerosas culturas, a grande maioria delas hoje extinta. Esses povos desenvolveram formas distintas de trabalhar suas cerâmicas. — Sabemos muito pouco sobre a arqueologia do Amapá. Mas um fato é que a região tinha muitas etnias — explica Mariana Petry Cabral. Ela está convicta, porém, que um povo capaz de erguer um monumento tão impressionante certamente pertencia a uma sociedade bem organizada. Os pesquisadores já descobriram um fragmento que parece ter sido parte de uma urna funerária. Nele há a marca de uma mão, uma característica já encontrada algumas culturas da Amazônia. — Moradores nos contaram que acharam no lugar há alguns anos duas urnas funerárias. Temos esperança de encontrar mais — diz a arqueóloga. Descobertas recentes por toda a Amazônia vêm aos poucos escrevendo uma nova história da ocupação da floresta. Cada vez mais indícios de culturas bem organizadas, algumas surgidas há mais 5.000 anos, são encontrados.

Fonte: O Globo http://oglobo.globo.com/jornal/ciencia/247146542.asp

4 de maio de 2006

Mistérios Femininos (Parte II)


Lua Adversa
Tenho Fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases ,como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles


A lua e a mulher sempre foram associadas. Não é difícil notar porque, já que o ciclo menstrual da mulher é de 28 dias, assim como o ciclo da Lua.
Por esse motivo, acredita-se que para os antigos, a mulher detinha o poder da criação, da morte e do renascimento, ela era regente de tudo que era mutável, transitório.
Pretendo vasculhar um pouco o campo da História para localizar essas afirmações no tempo, mas por hora vamos nos ater ao assunto desse artigo.
Pois bem, em razão de toda essa associação, a lua era e é, para nós, o símbolo da mulher. A mulher e sua "estranha" essência tantas vezes vista e expressada pelas mãos de artistas. Só um artista mesmo para falar dos segredos de uma mulher, essa lua tão adversa!
Desde o poema da maravilhosa Cecília, até a Mulher de Fases, cantada pelo extinto Raimundos, temos tentando compreender essa essência.
Nós mulheres, tão ocupadas com o dia-a-dia, corre-corre, deixamos esquecido no fundo de alguma gaveta empoeirada esse tesouro, o tesouro de ser mulher.
Eles, os homens, enxergam a transitoriedade da mulher como esquisito, por vezes temeroso, algo que não deveira ser como é.
Sem falar da menstruação, "sangue sujo" do qual o homem sente nojo, mas esquece que não fossem os ciclos de suas mães, eles não estariam pisando a Terra.
Acho triste falar na perda que, nós mulheres, tivemos quando do distanciamento dos ritos envolvenedo a menarca e a menopausa (temas tratados na primeira parte do bate-papo).
Acho triste, mas nem por isso deixarei de mencionar.
Já ouvi e li uma série de textos falando sobre a culpa do patriarcado, do cristianismo, dos homens. Todos eles como grandes carrascos malévolos que acabaram com as pobres mulheres indefesas e tão boazinhas.
Confesso que até cheguei a acreditar nisso, afinal, é muito cômodo arrumar um culpado pelas nossas desgraças.
No entanto, não estamos diante de uma novela, mas diante da vida. Não somos personagens descartáveis criados por novelistas medíocres.
Somos seres tão complexos, culpados e inocentes de tanta coisa, vilões e heróis de nós mesmos tantas e tantas vezes...
Como dizer que o homem é culpado pelo afastamento da mulher e seus ciclos, se ouço da boca de mulheres, na maioria das vezes, as reclamações e demonstrações de nojo de sua menstruação?
Idéia incutida?
Também não descarto de todo. Mas o que desejo é abrir um pouco a mente das mulheres, para que essas abram as mentes de seus pares e, em noites de lua adversa, o consorte não vire para o lado e durma enquanto a mulher se revira na cama com sede e sem coragem de se entregar
por causa do sangue entre suas pernas.
Sabemos que muita neurose, a tão falada e polêmica TPM, foram "presentes" dados por anos e anos de desequilíbrio, vêm de uma grande mentira que nos foi contada, vêm do desequilíbrio entre os pólos feminino e masculino.
Creio ser possível mudar esse quadro.
Homem, permita-se mudar, abrir a mente e enxergar o que são as "fases tão problemáticas" da mulher.
Mulher, comece com você mesma, observe-se. Chega de comentários do tipo: "ser mulher é horrível", "mulher dá à luz", "mulher fica menstruada", "mulher não goza", "na outra vida quero ser homem".
O primeiro passo para uma conexão com a Deusa e a plenitude feminina é mudarmos nossa forma de pensar.
Se não nos libertarmos do preconceito que envolve a mulher, e claro, a menstruação, não ocorrerá conexão com a Deusa.
O segundo passo consiste numa análise de seu ciclo.Comece anotando os dias em que ocorre a sua menstruação.
Anote em um caderno os seus sentimentos, sonhos, sensações que antecederam o dia da menstruação e também durante o período menstrual.
Interessante notar que, mulheres no período menstrual têm maior tendência a sonhar com flores vermelhas e animais. Já no período de ovulação, a tendência é de sonhar com pérolas, ovos e jóias.
Li isso num livro uma vez e acabei por constatar que ocorria o mesmo comigo.
Preste atenção ao contexto em que eles aparecem e tente fazer uma interpretação.
Interessante também é o conceito de espécies de ciclo, vejam:
Ciclo da Lua Branca: ocorre quando a menstruação acontece na Lua Nova e a ovulação acontece na Lua Cheia.Essas mulheres possuem melhor condições para expressar sua criatividade por meio da procriação. Fica claro, pois a Lua Cheia
é a Lua Mãe e a mulher está no seu auge de fertilidade nessa fase também.Mulheres deste ciclo são chamadas de "boa mãe".Portanto, camisinha!
Ciclo da Lua Vermelha: Ocorre quando a menstruação acontece na lua cheia e a ovulação acontece na Lua Nova.Essas mulheres possuem a oportunidade de conhecimento interno. É a bruxa plena, a buscadora, aquela que sabe usar sua energia
sexual não só para meios procriativos.

Ambos os ciclos são expressões da energia feminina, fazem parte da mulher e cada uma de nós oscila entre esses dois ciclos de
acordo com as fases de nossas vidas.
Quando há essa oscilação, geralmente nos encontramos numa fase um pouco conturbada. Essa fase de transição pode até ser marcada com "problemas" conhecidos como sintomas de TPM.

Um outro exercício até bem simples consiste na observação das fases lunares.
Note as alterações em seu humor, levando em conta o período menstrual, a ovulação.
Tenha as fases como um instrumento a se trabalhar, afinal, como já dissemos, Lua, Sangue e Mulher sempre estiveram associadas. Em várias línguas as palavras menstruação e Lua são as mesmas ou estão relacionadas. Notem que "mens" significa "Lua".
Na verdade, quando criamos o hábito de analisar os ciclos, nos aprofundamos com a nossa essência mutável e, consequentemente, a conexão com a nossa parte feminina e, claro, com a Deusa, torna-se mais forte.
A partir disso, nossa intuição se aguça, nosso poder pessoal torna-se mais forte, nosso emocional fica mais equilibrado.
Podem apostar nisso.

Comecem a prestar atenção em pequenos detalhes, anotem emoções, sensações, analise. Vocês verão o quanto isso fará bem.

Alguns livros interessantes sobre o tema:

A Grande Mãe - Erich Neumann
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
Os Mistérios da Mulher - M. Esther Harding
A Deusa - Teresa Moorey
O Livro Mágico da Lua - D.J. Conway
O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur