Em nossa prática espiritual não batizamos crianças.
Não existe um rito para livrá-las do pecado ou para introduzi-las
nos preceitos de nossa religião. O que existe é uma apresentação aos Deuses
Antigos, seguida de bênçãos para a vida da criança.
Por vezes, os pais ou padrinhos sentem que uma ou mais
divindades que se apresentam para cuidar do pequeno, por vezes não. Por vezes, essa
criança é ungida com óleos abençoados, preparados por quem oficia o ritual, por
vezes ela recebe um banho de ervas especiais. Normalmente, as pessoas mais
próximas da criança estão presentes no ritual, sejam elas pagãs ou não. Por
vezes, os pais optam por um rito fechado. Por vezes, os pais fazem oferendas
aos Deuses, por vezes não. Tudo isso depende muito da vertente, do clã, da
tradição. Não existe uma regra, exceto a de que os padrinhos daquela criança
zelarão pelo bom andamento espiritual dela durante toda a vida, independente do
caminho religioso que a criança venha a trilhar.
Quando meu filho nasceu, eu não conhecia qualquer pessoa
pagã de confiança para amadrinhá-lo. Mesmo assim, fiz sozinha um rito de
apresentação com ele ainda bebê. O casal de Deuses padrinhos dele foram
invocados e me disseram que eu fizesse a revelação apenas quando de seu rito de
passagem para a vida adulta. Então, ele cresceu sem nem ao menos saber quem
eram esses Deuses. Fiz isso para que ele pudesse ser livre para escolher sua
senda espiritual. Curiosamente (ou não) meu filho sempre nutriu muita afeição
por esses Deuses e pelo panteão ao qual pertencem, rs*.
Anos mais tarde, conheci dois grandes irmãos de Caminho, que
se tornaram madrinha e padrinho de meu filho. 18 anos após seu nascimento, meu
filho conheceu seus deuses padrinhos, quando de seu rito de passagem. A emoção foi
enorme e hoje ele carrega tatuado no braço um símbolo do Deus.
Sou madrinha mágica de cinco crianças pagãs: Mayla (que nem
é mais criança, rs*), Lucca, Luara, João Pedro e, agora, a pequena Kali.
Antes deles, fui chamada para ser madrinha do filho de uma
grande irmã de vida, o Mateus, que vi nascer e se tornar um grande rapaz. Seus
pais e ele são cristãos, não o batizei na igreja, por inúmeros motivos. Porém,
o amor que sinto por ele é igual ao de qualquer
um de meus afilhados e ele está
sempre em minhas orações, é sempre lembrado em minhas preces e sei que ele está
bem encaminhado espiritualmente.
Todas essas crianças me são enormemente caras e zelo por
elas, oro aos Deuses Antigos todos os dias por suas vidas e para que façam boas
escolhas.
Ser a madrinha mágica de uma criança não sobre dar presentes
caros, é sobre presentear com o mágico exemplo.
Ser madrinha mágica é sobre abençoar, é sobre zelar pela
espiritualidade, é sobre aconselhar, é sobre proteger, é sobre usar a sua voz
para alcançar os mundos e pedir aos Deuses que guarde sua criança. É sobre ser
a mão que pega no colo e ensina a andar... a mesma mão que empunha o athame,
gira e finca para proteger, se preciso for.
Ser madrinha mágica não é sobre estar 100% do tempo junto,
mas é estar sempre atenta aos sinais, é falar, brincar e proteger sua criança
em sonhos.
Ser madrinha mágica é torcer para que a sua criança cresça e
queira contigo aprender as artes antigas, mas é também estar ao lado dela, se a
escolha não for essa.
Dizem por aí que as bruxas e as fadas possuem uma estreita
relação... Bom, gosto de pensar que sou para minhas crianças a bruxa e a fada
madrinha, pois, zelar pelo espiritual deles é, por vezes, ser fada e, por vezes,
é ser bruxa.
Que os Deuses abençoem sempre minhas crianças mágicas!
Beijos da dinda Lua