Dizer-se filho dos Deuses carrega uma sentença de responsabilidade em viver a vida de acordo com suas verdades. E isso demanda inúmeras ações, atitudes, condutas que muitas não são confortáveis, mas são necessárias.
Dizer-se filho dos Deuses não é difícil, quando tudo o que se tem para oferecer são palavras vazias... Qualquer ser alfabetizado pode escrever e qualquer um que tenha aprendido a falar pode dizer. No entanto, ser filho dos Antigos nos impõe agir como tal, e isso nem sempre é uma tarefa fácil ou agradável.
Ser filho dos Antigos também está além das vaidades e das máscaras. E aqueles que vivem pelos Deuses sabem bem disso, pois a força Deles agindo em nossos passos não dá espaço para se envaidecer ou manter
máscaras por muito tempo. Não perante Eles. Não no escuro da noite, onde tudo se vê... Não quando a Lua mostra sua verdadeira face. A luz do Sol que tudo ilumina pode nos cegar de vez em quando... mas na escuridão da noite, que exige de nós o tato, o olfato, a percepção... não há como estar cego de ver.
Ser filho dos Antigos é algo que somente aqueles que viram a face dos Deuses no espelho podem compreender, e então... as palavras são desnecessárias. Existem mistérios que estão além das palavras, e que se perdem ao serem explicitados pelos meios da expressão humana, especialmente por meio das palavras. Isso se explica – se é que se explica – por que as palavras agrupadas que formam frases e orações e que são compreendidas dentro de um contexto e em texto são o que são, elementos do racional, da razão, do logos. No entanto, no conhecer dos mistérios o que é necessário é o vivenciar, o meditar, o sentir...
Para aprender os mistérios é preciso muito mais sentir e agir, meditar e praticar, vivenciar e ritualizar...
E assim é também com os Deuses e o saber-se filho Deles. Sentir e agir. Meditar e praticar. Vivenciar e ritualizar... todos os dias.
Palavras são importantes, mas são apenas a borda do prato que contém o alimento que se chama Arte.
Bênçãos,
Lua Serena