A Roda dos Mundos, A Roda da Vida, A Roda da Fortuna, A Retribuição, A Mudança são alguns de seus nomes. Todos eles simbolizam a essência desse arcano: o movimento incessante da vida, mesmo em alguns momentos não percebamos.
A Roda representa a mutação e o sentido do eterno. Para alguns, a Roda é a representação máxima da lei do eterno retorno, A Roda das Encarnações. Segundo tal entendimento, estamos fadados a reencarnar eternamente... Em contrapartida, alguns entendem que esse retorno não seria eterno e através das encarnações e aprendizados, um dia, deixaremos de encarnar na Terra, evoluiremos.
Independente disso, se eternamente estarei retornando ou se um dia não retornaremos mais, o que importa é a mensagem desse arcano, ele representa a mutação da vida de cada um de nós, nos mostrando que ora estamos em cima, outra estamos embaixo, e que certos padrões podem se repetir. É o destino, a sina, a sorte, a fortuna que vem por que tem de vir, muitas vezes imprevisíveis, muitas vezes sem que notemos. Um dia em que saímos atrasados para o trabalho, perdemos aquele metrô, escolhas pequeninas que podem marcar para sempre nossas vidas.
Quem de nós não se lembra de algum momento em que teve determinada atitude que desencadeou uma série de acontecimentos, como se estivéssemos de verdade presos em uma roda, sentindo como se embora fossemos responsáveis por nossas vidas, algo muito maior, algo que talvez nos tenha impulsionado a fazer um trajeto diferente do cotidiano tenha se apresentado como fator transformador em nossas vidas...
Possibilidades, encontros, desencontros, o universo em constante movimento são elementos desse arcano. E nós, como parte desse universo também somos responsáveis pelo toque que girará a roda.
As Moiras, As Queres, As Nornas, As Parcas, as Senhoras do destino de cada um reinam nesse arcano, nos ensinando que tudo muda o tempo todo. Cloto é a que fia o tecido da vida, Lachesis mede a linha do destino, da vida, e Atropos é aquela que invariavelmente corta o fio da vida. Assim é para todos.
A Deusa e seu útero como origem de tudo é também representado nesse arcano, embora tenhamos de escavar o simbolismo desses arcano e ir até muito tempo atrás.
A Deusa como O Grande Círculo, a Roda, é o próprio universo, a origem de tudo. Erich Neumann nos fala sobre esse antigo conceito ao falar de Tiamat, a escuridão de onde tudo se originou. Tiamat, que foi transformada em monstro, demônio, é a própria Deusa que de seu útero escuro eu à luz e deu a luz.
A roda é o eterno movimento, mas nos ensina que seu eixo é firme e não se mexe. O eixo em si é a Divindade como cada um compreende, podendo representar também nosso eu interior, onde, de fato, mora a Divindade. Significa que diante das mutações da vida, devemos manter o centro firme, nunca estático no sentido de algo sem fluidez, mas algo sólido e forte para sustentar o girar da roda de nossas vidas.
O simbolismo da roda, do círculo, do redemoinho, da espiral nos fala daquilo que não é linear. Nos ensina que a vida não é linear, embora tenhamos essa sensação. Por isso aqui temos a noção das estações do ano, sempre mudando, mas sempre vindo cada uma delas novamente. Jamais igual, jamais cessando.
Na maioria das representações desse arcano temos três figuras girando na roda: Esfinge, Hermanubis e Tífon. Só a pesquisa e estudos dessas três figuras dariam um livro inteiro. Mas basicamente, cada um deles tem um propósito de estar li. Existem uma série de opiniões do porquê de tais imagens estarem dispostas dessa forma. Eu tenho uma forma muito particular de interpretar a figura...
Divido com vocês uma interpretação para tais figuras, embora eu não concorde inteiramente. Para Johann Heys “uma esfinge se encontra no topo, aparentemente mune à rotação e suas mudanças. O símbolo da esfinge é antigo e abrangente, evocando consciência superior, serenidade e sabedoria. O macaco Hermanubis, que já apareceu no arcano do Mago, está em ascensão na roda e representa energia crescente, agitação inquietude. O terceiro ser, em movimento de descida, é Tífon, um monstro filho da deusa Hera que foi criado como vingança desta deusa ao saber que seu marido Zeus havia criado Atena sozinho. TÍfon vem então a ser inimigo natural de Atena. Esses três seres mitológicos que habitam a roda representam diferentes tipos de pessoas e situações, bem como sua alternância na roda da vida.”[2]
Pode ser uma carta afortunada ou não, dependendo muito do contexto em que ela sai e dependendo também da associação desse arcano com os demais numa determinada jogada.
A Roda da Fortuna, portanto, nos alerta para a mudança na roda, aquele que esteve embaixo, subirá, os de cima cairão e assim será, assim é. Mudanças boas ou ruins, crescimento em razão de um novo momento da vida. Nesse momento, não temos certeza absoluta do que vem pela frente, sabemos apenas que as coisas mudarão. Em geral prenuncia uma mudança que será marcante em nossa vida, pessoas, fatos, circunstâncias que serão agentes dessa mudança e que jamais esqueceremos... mesmo depois do girar de muitas rodas.
PALAVRAS-CHAVE: mudança, mutação, movimento.ASPECTOS POSITIVOS: força vital, mudança interior e exterior, renovação, aprendizado, destino, encontros, determinação, ousadia, vontade, receptividade a mudanças e às novidades, vitória sobre as adversidades, talento para guiar um projeto, vida agitada, expansão de idéias, abundância, prosperidade, novas situações, pessoas novas em sua vida e pessoas que se afastam para seu crescimento.
ASPECTOS NEGATIVOS: mudança de uma situação boa, instabilidade, insegurança, falta de base, inflexibilidade ou dificuldade para lidar com mudanças, rigidez, queda, perdas sucessivas.
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