14 de maio de 2007
Paganismo e Cidadania
Se você não é um monge budista, uma freira carmelita descalça ou um ermitão, então com certeza já deve ter ouvido essa palavra: CIDADANIA. Mas será que sabe o que ela significa? E o que ela tem a ver com o paganismo?
Voltando do sítio ontem à noite, pela Rodovia Bunjiro Nakao (uma estradinha tortuosa que liga Vargem Grande Paulista à Piedade), eu fiquei impressionada com a quantidade de motoristas, geralmente em seus carros último modelo, que, sem ter noção nenhuma de respeito ao próximo, ignoravam completamente as “regras de etiqueta rodoviária” (leia-se “Código de Trânsito”) e simplesmente grudavam na traseira do nosso carro com a luz alta praticamente cegando o motorista em todos os espelhos, forçando-nos a sair da estrada (sem acostamento), só porque seu carro era mais novo ou mais potente (ta, podem até existir outros motivos, de repente o cara estava indo tirar o pai da forca, ou então estava com uma tremenda diarréia, eu particularmente torço pela segunda opção). O que eu me pergunto é: será que essas pessoas se esqueceram completamente o que é viver em sociedade?
A realidade em que vivemos está cada vez mais nos fazendo acreditar que quanto mais temos, mais podemos. Não existe mais o conceito de que “todos são iguais perante a lei”, e essa imagem é reforçada diariamente quando vemos televisão ou lemos nos jornais aqueles que deveriam servir de exemplo máximo de integridade, nossos governantes, comendo pizza nas CPIs do Congresso. Ou seja, “se eu tenho dinheiro pra comprar um Corola 2007, por que tenho que ficar atrás desse carro velho? Sou melhor e mereço estar sempre na frente” tsc tsc tsc. O que esse ser merece são umas boas palmadas!!!
O que mais me dá esperança é o fortalecimento do neopaganismo. A partir do momento que acreditamos que os deuses estão em todos os lugares, e não apenas no céu vigiando todo mundo com seu olhar inquisidor e punidor, e sabemos que nossas contas são pagas aqui, e às vezes agora, e não no Dia do Juízo Final, passamos a respeitar mais aqueles com quem convivemos. Nós acreditamos (pelo menos EU acredito) nos deuses que vivem nas pessoas. Por exemplo, já pensou furar uma fila no banco e ficar bem na frente de uma Nêmesis com pressa e mil contas a pagar? Xiii......
Quando colocamos um Deus lá no céu, podemos fazer o que quisermos com a Terra. Mas nós já sabemos as conseqüências disso, não é mesmo? Aquecimento global, poluição, desmatamento, desigualdade social, fome... Já o paganismo traz os deuses de volta! Nós convivemos com eles, somos seus templos, seus locais de adoração. Isso torna nossa rotina num ato de viver sagrado.
São esses os valores que o paganismo tem que passar para as próximas gerações. Ao invés de se ficar discutindo sobre (auto)iniciação, rodas do ano e quem está certo ou errado, quem pode mais ou menos, quem é grande ou não, a maior responsabilidade dos pagãos hoje em dia é transmitir as idéias de RESPEITO, INTEGRIDADE, HONESTIDADE e CIDADANIA. Quem sabe assim o paganismo possa finalmente ser levado a sério!
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