Familiares da bruxa
O Gato
Nenhuma história de bruxas seria completa sem a presença de um gato preto,
fiel companheiro e cúmplice dos feitiços de sua dona.
Não que fossem os únicos, longe disso: doninhas, coelhos, porcos-espinhos,
aves negras, corujas, corvos, sapos e rãs eram eficazes ajudantes das feiticeiras.
Gatos e outros assim chamados seres "familiares" serviam como prova de julgamentos de bruxas no século XVII, costume que infelizmente veio a
matar apenas bons amantes dos animais.
Os bichos desempenharam diversos papéis nos mitos pagãos e nas práticas
religiosas da antiga Europa e algumas das superstições relativas às capacidades mágicas destes animais sobreviveram mesmo após a cristianização.
O desenvolvimento da doutrina da Igreja encorajava os crédulos a discernir a
sombra de Satã em qualquer vínculo mais estreito com um animal.
Há quatro mil anos os gatos, adorados e venerados já no Antigo Egito,
têm sido objeto de cultos religiosos. Na cidade de Bubastis, festivais celebrando a deusa com cabeça de gata, Bast, incluíam dança, música e rituais sexuais. O afeto dos egípcios com os gatos deveria ser proveniente de seu valor na proteção dos celeiros contra insetos e aves.
Em outras regiões do mundo antigo, dizia-se que a deusa romana Diana assumia a forma de felina e, no norte da Europa, os gatos puxavam a biga de
Freya, a deusa do amor e da beleza.
Ansiosa para repudiar os aspectos do paganismo, a Igreja ensinou que esses
animais eram pequenos demônios e na luta para erradicar seitas hereges os
padres mencionavam as superstições felinas ao descrever os perigos representados pelos dissidentes.
Com o início da perseguição às bruxas na Europa, as confissões forjadas de
supostas feiticeiras eram usadas para dar respaldo às afirmativas da Igreja.
Em 1566, na Inglaterra, um gato de manchas negras chamado Sathan tornou-se personagem de importância no julgamento de Elizabeth Francis.
Por ter prestado serviços à sua dona como encher o pasto de ovelhas e atrair pretendentes, Sathan foi responsabilizado pela morte de um desses enamorados que aborrecera sua dona. E cada vez que a ajudava, Francis recompensava com uma gota de seu sangue.
O sapo
Embora não fossem tão adorados como os gatos, há muito os sapos também
são associados à magia. Há uns nove mil anos, houve artesãos que trabalharam a pedra ou barro para produzir imagens da deusa-mãe em forma de sapo.
Os antigos gregos e romanos acreditavam que os sapos tinham a capacidade de prever ou mudar o clima. No século I d.C., o naturalista romano Plínio, o Velho, aconselhava os fazendeiros que, para evitar tempestades, colocassem
em seus campos sapos presos em potes de cerâmica; mas prevenia que esses
animais eram "cheios de veneno".
Dois séculos depois, o escritor romano Aélio declarou que uma mistura de
sangue de sapo e vinho produzia um veneno mortal - exagero que, no entanto, tinha uma base de verdade. Quando estão irritados, os sapos segregam um líquido venenoso que faz os cães espumarem pela boca e ficam febris. Mas apenas em casos extremos é fatal.
A imagem sinistra do sapo foi sustentada pela fama desse veneno, pelo amor
natural dos anfíbios por charcos e por sua cara desconcertante, que lembra
um grotesco rosto humano.
Na Idade Média, o sapo era visto como o animal predileto das bruxas, às quais servia de "familiar", ao mesmo tempo que fornecia ingredientes para a fabricação de poções mágicas. A saliva era considerada essencial para uma
poções envolvendo invisibilidade.
Acreditava-se que as bruxas fossem especialmente apegadas a seus amigos
sapos. Um relato particularmente bizarro detalha que essa criaturas eram mimadas como crianças e vestidas com seda escarlate, capas de veludo verde e enfeites de sinos no pescoço. Nesses trajes, os sapos recebiam o batismo em nome de Satã, durante os sabás.
Um comentário:
como não amar esse post, mais do que nunca eu quero um familiar.
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